Minha coluna semanal se chama "Atravessando o Oceano", idéia do Ricki, mas hoje irei falar de um assunto universal do futebol, que não se restringe às quatro linhas ou qualquer barreira geográfica. Pode acontecer (e acontece) no Brasil, Portugal ou China, seja onde a bola rolar.
Se trata de um problema grave, uma doença ou um espécie de vírus que atormenta desde as equipes mais desconhecidas aos maiores esquadrões do nosso esporte bretão (e de outros esportes também). A história está repleta destes casos, alguns mais despercebidos, outros de proporções maiores. Tivemos recentemente um novo caso, transformando a última quarta-feira em um dia negro para o futebol brasileiro e sul-americano.
Indo mais direto ao assunto, esta doença, vírus, problema, ou como queira chamar, se trata da mais profunda irresponsabilidade e ignorância existente no futebol, o menosprezo de uma equipe ao seu adversário.
Há quase duas semanas, a equipe do Flamengo foi ao México jogar seu melhor futebol, ignorando a viagem de 15 horas e a altitude de 2300 metros, e venceu com facilidade por 4x2. No domingo seguinte, uma semana atrás, o mesmo Flamengo ignorou o cansaço e venceu o Botafogo por 3x1, sagrando-se bicampeão do Rio de Janeiro.
Por ser um bom time, e de fato é, o Flamengo, assim como qualquer outra equipe, não possui o mínimo direito de menosprezar qualquer equipe que seja. O torcedor têm esse direito, de dizer que seu time é o melhor e que vai ganhar tudo, mas nunca uma equipe deve se julgar desta forma. Em nenhuma entrevista ou declaração nos dias antes do segundo jogo com o América, houve um mínimo de respeito.
O clima era de oba-oba, de "já ganhou". Os jogadores já falavam no Santos, que enfrentariam na fase seguinte. Dois dias antes do jogo houve um churrasco entre os jogadores (absurdo). Momentos antes da bola rolar, houve festa para homenagear o técnico Joel Santana, que assumiu a seleção da Africa do Sul.
Resultado: 3x0 para o América e eliminação antecipada do Flamengo, em pleno Maracanã. O maior vexame dos quase 113 anos de história do clube.
O excesso de "sapato alto" (como chamamos aqui no Brasil, não sei se em Portugal também), tirou da copa Libertadores o maior candidato ao título, que melhor havia se preparado, mantendo todo o bom time do último ano e fazendo contratações de peso para setores específicos com destaque para Kléberson, ex Manchester Utd e titular na seleção brasileira campeã do mundo em 2002, o zagueiro Rodrigo e atacante Diego Tardelli, ambos campeões da Libertadores em 2005 pelo São Paulo.
O time tinha no banco, ou seja, sem espaços entre os titulares, para se ter uma idéia, os volantes Jônatas (autor do gol do Espanyol na final da Copa da UEFA 2006/2007) e o volante paraguaio Gavilán, titular absoluto no Grêmio, finalista da Libertadores 2007.
Não estou querendo apenas mostrar que o time é bom, na verdade é muito bom, mas quero mostrar que ninguém ganha simplesmente por ser considerado vencedor. Não existe vencedor de véspera no futebol. Para uma equipe ser campeã, precisa mostrar isto em campo, com muita seriedade e, principalmente, respeito ao seu adversário, seja ele o Milan ou o Íbis. Apesar de ter um elenco acima da média, o Flamengo não mostrou atitude de um legítimo campeão.
Este episódio, serve de exemplo para todos os futebolistas, independente de time ou competição. Existem outros fatores no futebol tão importantes quanto o que acontece no gramado.
A torcida do Flamengo segue sentida com o time. Ainda não "caiu a ficha" direito de que o que aconteceu foi verdade e não apenas um pesadelo de muito mal gosto. Não houveram protestos até aqui, apenas muitas lágrimas de ambas as partes, jogadores e torcedores. Agora é esperar para ver se a lição ficou clara. O time continua sendo bom e só precisa ter a cabeça no lugar para dar a volta por cima.
O primeiro passo já foi dado e, com muita humildade desta vez na forma com a qual encarou o jogo, o Flamengo passou sem grandes dificuldades pelo Santos, vencendo por 3x1 (o mesmo Santos que iria enfrentar nas quartas-de-final da libertadores) e assumiu a liderança do campeonato Brasileiro.
A competição continental ficou para trás e agora é seguir adiante, em busca do inédito hexacampeonato brasileiro. Repito: tem time para isso, resta esperar para ver se a lição ficou clara.
segunda-feira, maio 12
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1 golos:
Podes querer que acontece em Portugal houve uma historia parecida entre o Benfica e o Porto
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