sexta-feira, agosto 15

Braga 1-0 Zrinsjki

Já foi a algum «blind date», encontro às cegas, em bom português? Então, poderá saber o que sentiram as partes, neste duelo entre Sp. Braga e NK Zrinsjki, na última etapa de acesso à Taça UEFA (0-0). Os portugueses não conheciam o real valor dos bósnios, os bósnios faziam apenas uma ideia do que iriam encontrar e, ainda por cima, entre os homens de Jesus, também era perceptível aquele constrangimento de quem ainda não conhece bem quem joga a seu lado.

De qualquer forma, com tamanho diferencial de qualidade nos pratos da balança, adivinha-se a quebra da resistência, com o decorrer do encontro. Não foi em força, mas bastou o jeito. Acima de tudo, a inteligência, mesmo sendo condenável na perspectiva do desportivismo. Que importa nisso, nas contas da história? Linz tentou, foi feliz, e nenhum adepto do Sp. Braga preferiria uma decisão distinta, nesta altura. Ao minuto 67, com a mão, forçou o erro do guarda-redes contrário e resolveu um problema bicudo (1-0).

Houve explosão de alegria na bela pedreira de Braga, quando o avançado austríaco foi malandro, deu uma mão a ele mesmo para ultrapassar a barreira bósnia. Não merece aplausos da crítica imparcial, mas entra para o registo da eliminatória e permite à equipa portuguesa viajar com maior segurança.

Jorge Jesus criou uma nova ordem no clube minhoto, com os guerreiros dos flancos convertidos em unidades formatadas do losango. Recupera-se a discussão: adaptam-se os jogadores à táctica ou o contrário? Ver Alan como médio interior direito, por exemplo, numa espécie de crise existencial durante largos períodos, causa estranheza. Quando tudo corre bem, disfarça. Quando o golo tarda, o brasileiro passa a estar mais próximo dos assobios dos adeptos. Ele, Mossoró e Luís Aguiar, motores ofensivos de um onze corajoso, até em demasia, como se viu frente a um adversário matreiro.

Este NK Zrinsjki, 4º classificado da última edição do campeonato da Bósnia-Herzegovina, aterrou em Braga com duas linhas defensivas, dez homens atrás da linha da bola e um avançado com queda para os milagres. Entre a nulidade de ambição da etapa inicial, Matko ainda conseguiu encontrar espaço para ameaçar Eduardo num par de ocasiões. Culpa do Sp. Braga.

Embrenhado no seu jogo de risco, o onze de Jorge Jesus balanceava-se para a frente em movimentos nem sempre harmoniosos. A linha ténue entre a organização e a anarquia provocava emoções fortes. Entre os jogadores, ainda não há compreensão clara dos ritmos, de quem será a voz de comando no processo ofensivo. Ainda assim, entre algumas indefinições, o Sp. Braga mandava. Em vão. Na etapa complementar, passando a acreditar, o NK Zrinsjki lançou-se ao jogo, demonstrou o seu real valor, mas acabou por quebrar com o golo de Linz. Prémio para a superioridade arsenalista, mas insuficiente para sossegar as hostes, nesta eliminatória.

Ficha de jogo:
Estádio AXA, em Braga
Cerca de 12 mil espectadores
Árbitro: Robert Schongenhifer (Áustria)
Assistentes: Thorsten Obwuser e Daniel Bode

SP. BRAGA: Eduardo; João Pereira, Moisés, Rodriguez e Evaldo; Alan (Vandinho, 83m), Frechaut, Mossoró (Matheus, 46m) e Luís Aguiar; Meyong (Wender, 78m) e Linz.
Suplentes não utilizados: Kieszek, Paulo César, César Peixoto, Andre Leone

NK ZRINJSKI: Melher; Zurzinov, Sunjic, Ivankovic e Anicic (Susic, 47m); Selimovic, Duric, Serdarusic, Zizovic e Stojanovic (Kordic, 81m); Matko.
Suplentes não utilizados: Budimir, Bubalo, Vukovic, Juric.

Golos: Linz (67m)
Disciplina: cartão amarelo a Anicic (39m), Selimovic (45m), Frechaut (49m), Ivankovic (69m)